Sebastião Salgado recebe prêmio
Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia contemporânea. Sua rica trajetória artística e de vasta contribuição cultural funde-se ao notório engajamento frente às temáticas socioambientais e humanitárias.
No dia 27 de outubro a Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) realizou o jantar de gala da 16ª edição do Prêmio Personalidade, na Casa França-Brasil. O Prêmio Personalidade França-Brasil visa homenagear personalidades de diversos setores que influenciam a relação bilateral entre os dois países, promovendo sua aproximação por meio de atividades nas áreas socioeconômica, política, ambiental, filantrópica, cultural e acadêmica.
O homenageado deste ano foi Sebastião Salgado, renomado fotógrafo e fundador do Instituto Terra. A escolha deve-se à sua contribuição artístico-cultural, humanitária e notória frente a iniciativas de responsabilidade socioambiental.
Claudine Bichara, presidenta da Câmara de Comércio França-Brasil disse que Sebastião Salgado estava na mira da instituição desde o ano passado por ser uma personalidade conceituada e bastante inspiradora, não só pela arte como fotógrafo, mas pela reflexão impactante de seu trabalho, o olhar que tem pelas pessoas e sua diversidade.
Salgado aproveitou a premiação para falar das mudanças bruscas que a nossa espécie vem provocando no planeta, que levaram à destruição de ambientes naturais e de civilizações primitivas e que podem levar a própria humanidade a uma situação sem volta.
Segundo ele, a destruição dos ambientes naturais e as dificuldades sociais, com o aumento de guerras entre países e conflitos internos que deixam milhares de mortos, são sintomas de uma crise maior.
“Não é uma crise do capitalismo. É muito mais do que isso. É a crise existencial de uma espécie"
"Vamos ter que fazer uma autocrítica de toda nossa maneira de viver, de consumir, se comportar e se relacionar. Eu tenho uma grande esperança no planeta, mas não sei se a espécie humana vai sobreviver, estamos indo diretamente contra a parede. É uma crise planetária.” explicou Salgado segundo o relato de Agência Brasil
Salgado disse que a atual geração vai ser cobrada no futuro por tudo o que está fazendo em prejuízo do planeta.
“Para construir esta sociedade moderna, nós deixamos um deserto atrás”
“Nós temos a obrigação de manter intacto o que possuímos. Não precisamos mais destruir. Temos uma quantidade de terras desbravadas no Brasil que não utilizamos. Nós usamos um terço das terras que foram desmatadas, o resto está abandonado.”
Salgado envolveu-se com a causa ambiental quando assumiu a fazenda de sua família, totalmente degradada, no município mineiro de Aimorés, e replantou a área, de 700 hectares. Com o replantio, fez brotar nascentes que estavam secas e trouxe de volta parte dos animais silvestres da área. A experiência deu origem ao Instituto Terra, voltado à preservação do meio ambiente.
Aos 72 anos, atualmente Salgado está envolvido em um projeto fotográfico sobre a Amazônia.
Anteriormente, ele havia dito que este seria seu último trabalho, mas agora já admite que deverá trabalhar mais alguns anos, em outros projetos.
“Eu hoje estou vendo que o meu projeto sobre as comunidades indígenas, que eu ainda tenho uns três ou quatro anos para terminar, não é o último. Os fotógrafos não têm uma profissão. Têm uma forma de viver. Quando eu saio para fotografar, sou um homem totalmente livre, em ligação total com o meu planeta.”