O impacto socioeconómico do projeto Gama

A começos deste mês o Conselho da Cultura Galega (CCG) publicou um informe multidisciplinar sobre o projeto para a implantaçom dumha indústria têxtil a base de celulose em Palas de Rei. Como o título deste documento aponta som diversos os âmbitos analisados no mesmo, considerando que na decisom da Xunta considerando-o um projeto industrial estratégico se tivessem em conta os valores do território, nem os impactos que produziria sobre o ambiente e as comunidades que o habitam. Entre os âmbitos analisados no informe está o socioeconómico, um trabalho assinado por Edelmiro López, Ana I. Iglesias, Fernando de la Torre e David Peón. A esta análise soma-se-lhe a realizada por Xosé M. Santos sobre a atividade turística. Neste último caso a análise limita-se a quatro concelhos, Palas de Rei, Santiso, Melide e Agolada. Menos emprego Os autores do primeiro do artigo lembram-nos que a informaçom disponível sobre os aspectos económicos do projeto Gama é limitada, especialmente no caso dos efeitos indiretos (os causados em sectores que vam fornecer meios de produçom à planta ou que vam transformar os seus produtos) e induzidos (os derivados do gasto de rendas do trabalho e do capital gerados direta ou indiretamente polo investimento previsto), mas também sobre os efeitos diretos. Isto dificulta notavelmente quantificar os efeitos deste projeto industrial. O seu trabalho centra-se em quatro comarcas da contorna de Palas: A Ulhoa, Terra de Melide, Arçua e Deça. Ao contrário do que publicitam os seus promotores trata-se dum projeto que reforçaria a especializaçom da cadeia floresta-madeira galega na produçom de matérias-primas e na indústria de primeira transformaçom, sem que se constate a vinculaçom com a indústria têxtil. Por cada euro de produçom na fábrica de Altri apenas se demandariam sete cêntimos de insumos intermédios nas comarcas da Ulhoa, Terra de Melide, Arçua e Deça Tendo em conta os gastos de pessoal previstos na memória justificativa económica apresentada em Novembro-Dezembro de 2022 para solicitar a declaraçom de projeto industrial estratégico, os autores estimam que o emprego direto criado se situaria entre 161 e 281 postos de trabalho. Umha cifra muito alonjada dos 500 empregos diretos prometidos pola empresa. Umha estimaçom, a da empresa, que nom se justifica em nengum momento. Tampouco existe um cálculo que respalde a cifra de 2.000 empregos indiretos que a empresa anunciou. Em todo caso, assumindo a relaçom entre empregos indiretos e diretos que proporciona a empresa, o volume de emprego indireto criado seria muito inferior ao previsto pola empresa. Mediante umha análise input-output os autores estimam que os efeitos de arrastre direto noutros sectores seria muito reduzido. Por cada euro de produçom na nova fábrica apenas se demandariam sete cêntimos de insumos intermédios nas comarcas analisadas. Porém, a propensom a importar insumos de fora da Galiza seria muito elevada. Em resumo a procura desta empresa beneficiaria fundamentalmente a empresas radicadas fora da Galiza. Também o efeito multiplicador indireto nas comarcas da Ulhoa, Melide, Arçua e Deça seria muito reduzido, do mesmo jeito que para o conjunto da economia galega estaria claramente por baixo dos sectores agrário e industrial. A análise input-output também permite estimar que o impacto na criaçom de emprego seria muito menor ao publicitado, 544 empregos totais, direto e indireto, frente aos 2.500 anunciados polos promotores. O emprego indireto criado nas quatro comarcas mais próximas seria de apenas uns 60 postos de trabalho. Agro e turismo Finalmente os autores deste trabalho salientam a importância de analisar os possíveis impactos negativos noutros sectores. Algo que non abordam os promotores do projeto, apesar de admitir a sua possível existência. Neste trabalho sinalam-se distintos impactos negativos que se podem produzir: i) Sobre as exploraçons agrárias existentes, fundamentalmente pola pressom eucaliptizadora sobre a terra. Noutro artigo nesta publicaçom do CCG E. Corbelle estima que seria necessário aumentar entre 80 e 190 mil hectares a superfície de eucalipto. Um cenário contrário ao estabelecido no Plano Florestal da Galiza. ii) Sobre o prestígio da denominación de orixe Arcúa-Ulhoa, o que afetaria às exploraçons, mas também à indústria queijeira. iii) Sobre o turimos ligado ao Caminho de Santiago. Este último aspecto é analisado no artigo de Xosé M. Santos. Um trabalho que sem quantificar o impacto que pode ter, recolhe que existe umha grande preocupaçom nos estabelecimentos de Palas de Rei, Santiso, Melide e Agolada pola possível perda de clientes. Em resumo, umha análise do impacto socioeconómica que pom em causa a veracidade da publicidade da empresa.