A perda de poder adquisitivo dos salários

Embora em 2023 houvesse umha certa moderaçom na suba dos preços da cesta da compra, no que levamos de década a inflaçom alcançou níveis claramente superiores ao que fora habitual na década anterior. Um ritmo de crescimento que nom foi acompanhado polos salários. Entre 2020 e 2023, o IPC subiu 16,9% na Galiza. No mesmo período o salário das trabalhadoras e dos trabalhadores pactuado em convénios contemplárom umha suba de 10,5%. Falamos, pois, dumha perda de poder adquisitivo de mais de seis pontos. A perda foi especialmente intensa em 2022, cumha inflaçom que alcançou 9%, enquanto a suba pactuada em convénios foi de 4,29%. Em 2023, sem embargo, freou-se essa perda de poder adquisitivo dos salários regulados por convénios que fixárom umha suba de 3,86%, ligeiramente superior ao IPC de 3,6%. Neste ano, 2024, os convénios em vigor (incluídos os assinados no primeiro semestre do ano) contemplam um incremento de 3,43%, umha suba que está por debaixo da inflaçom interanual em junho. Evoluçom dos salários Entre os sectores com um maior volume de trabalhadores afetados por um convénio salientam três: indústria manufactureira, comércio e construçom. Nos dous primeiros observamos que o crescimento dos salários pactuados em 2022 foi notavelmente superior ao de 2021, ainda que ficou longe da inflaçom. Especialmente notável foi o câmbio na rama de "comércio ao por maior e ao por menor e reparaçom de veículos de motor e motocicletas". Se em 2021 a suba fora de 1,06%, por debaixo da média galega, em 2022 foi de 5,49%, mais de dous pontos superior à media galega. Ademais os convénios em vigor nesta rama passárom de amparar a 89.000 trabalhadoras a mais de 109.000. Em 2023 a suba moderou-se tanto no comércio como na indústria, embora seguiu sendo notavelmente superior à de 2021. Porém os convénios em vigor só afetam a umha parte das trabalhadoras e dos trabalhadores. Em concreto nesses três anos na Galiza fórom arredor de 400.000 pessoas cada ano. Segundo o inquérito de populaçom ativa em 2023 no nosso país houvo 918,5 mil assalariadas e assalariados. Se nos fixamos no inquérito anual do custo laboral a situaçom nom difere muito, o custo salarial na Galiza cresceu no claramente por baixo da inflaçom. Nom esqueçamos que nestes anos, entre 2020 e 2023, o salário mínimo subiu de 950 a 1.080 euros, o que afetou diretamente a assalariadas e assalariados sem convénio. Porém, ao igual que aconteceu com os salários pactuados em convénio esta alça (13,7%) foi inferior à dos preços, com o que também se produziu umha perda de poder adquisitivo deste grupo. Ademais é possível que o IPC em realidade infravalore a suba dos preços da cesta da compra das pessoas com menores rendimentos. Nos últimos anos a suba dos preços foi notavelmente maior nalgum grupo de produtos, como os alimentos, que representam umha maior percentagem de despesas dos fogares com menores ingressos. De ser assim estaríamos ante umha perda de poder adquisitivo ainda maior naqueles grupos de trabalhadoras de salários mais baixos. Convénios colectivos No mesmo período (2020-2023) o excedente bruto de exploraçom/rendimento mixto (umha varíavel que nos serve de indicador dos lucros empresariais) cresceu a um ritmo muito superior à inflaçom. Segundo as contas trimestrais do IGE, em 2021 subiu 13,8% (as cifras publicadas polo IGE ainda nom som definitivas, as de 2022 e 2023 som avances e as de 2021 som provisórias). Umha suba que nom é alheia ao efeito rebote tras a crise da Covid-19, mas ao seguinte o crescimento foi ainda maior, 15,2% em 2022. Em 2023 a alça dos lucros foi de 8,3%. Falamos dumha suba acumulada de mais de 40% no triénio. Como vemos a perda de poder adquisitivo nom afetou a todos. Neste período, os convénios registárom na Galiza umha suba superior à do conjunto do Estado, 10,5% frente a 8,8%. As cifras das estatísticas de convénios colectivos de trabalho em vigor no primeiro semestre de 2024 mostram um panorama similar, umha suba ligeiramente superior na Galiza, 3,43% na Galiza frente a 2,98% no conjunto do Estado. Boa mostra de que o peso do sindicalismo nacionalista dá os seus frutos.