Manuel Da Cal

"Podemos qualificar o estado atual da economia galega como de retrocesso"

Manuel da Cal

Conversamos con Manuel Da Cal, coordinador de Federación Rural Galega, dentro da serie de entrevistas Venhan Máis Cinco.


-Como avalías o estado actual da economía galega?

-O estado atual da economia galega podemo-lo qualificar como de retrocesso. Com a volta do Partido Popular ao governo da Junta da Galiza os intentos de reativação da economia galega feitos pelo governo bipartito e concretamente as conselharias geridas pelo nacionalismo, nomeadamente as de indústria e mais a do meio rural. No que tem a ver com a economia produtiva tanto uma como outra iniciaram a posta em prática de uma série de medidas de carater estrutural que se viram cortadas de raiz com a volta do PP. Estou-me a referir por exemplo ao plano eólico da Conselharia de Indústria, plano destinado à posta em valor do nosso potencial eólico mas também ligado ao desenvolvimento de distintos projetos de valorização da nossa economia produtiva tanto no agro, como nas pescas ou no desenvolvimento industrial. No que tem a ver com o mundo rural estavam em marcha projetos de valorização dos nossos montes com a posta em funcionamento das Unidades de Gestão Florestal, o intento de acometer uma reestruturação profunda da superfície agrária mediante o Banco de Terras ou a regularização das relações entre o setor produtor e o transformador com a implantação em todos os setores produtivos agrários dos contratos homologados, sem esquecer que se estava praticamente ao final do proceso negociador para conseguir dotar o setor lácteo galego dum instrumento fundamental para o seu futuro como era a constituição dum Grupo Lácteo Galego. Tudo isto veu-se abaixo com a chegado de novo ao governo do PP. Mas não somente a economia produtiva se veu afetada pela chegada do PP, aliás a economia social também se veu afetada sobre tudo no que tem a ver com os serviços sociais de atenção às pessoas maiores e à infância. Por tudo isto e ligado com a gestão neoliberal que está a fazer o PP da crise capitalista que tem a sua origem no ano 2008, pode-se falar de retrocesso de Galiza não somente económico, mas também no social, nas relações laborais, no cultural, no demográfico, etc. Em tudo quanto âmbito reparemos Galiza está pior hoje que há oito ou dez anos. 

-Que evolución agardas no plano económico/laboral galego a cinco anos vista?

-Por quanto ao futuro nos próximos cinco anos, de não mudar a correlação de forças que favoreça a constituição de um novo governo galego que tenha a Galiza como centro das sua decisões, o futuro da Galiza não parece ser prometedor. Os setores produtivos primários, agro e pescas, seguem um caminho descendente e não se enxerga que esta dinámica vaia a mudar a curto-meio prazo, e sobre tudo de seguirmos na Galiza com governos neoliberais e de obediência espanhola. A desertificação do nosso rural, de momento, é um proceso imparável e seguirá assim de não se criar condições económicas e sociais que façam atrativo, em primeiro lugar, para não o abandonar e para depois intentar torna-lo num polo de atração, sempre e quando as condições de vida permitam viver neste entorno com dignidade. As indústrias de transformação ligadas a este setores, que bem poderiam gerar valor acrescentado às nossas produções e emprego, não parecem ser objectivo  prioritário deste governo, sim muita propaganda mas poucos ou nulos feitos concretos. Por exemplo, seguimos a esperar pelo tão demandado grupo lácteo galego, desejos já manifestados no longínquo ano de 1993 a meio de uma iniciativa legislativa popular levada ao Parlamento Galego.

Por outra parte, vemos como a economia da Galiza cada vez é menos uma economia produtiva para se converter numa economia terciarizada, com condições laborais e económicas precárias e com a nossa mocidade mais formada e com iniciativa longe da nossa terra, expulsa pelas políticas deste governo que agora padecemos.

Espero que de aquí a cinco anos Sermos Galiza se consolide como um meio de comunicação galego imprescindível para entender o País

-Que esperas de Sermos nos próximos cinco anos e en que cres que debemos e/ou podemos mellorar?

-Galiza é uma nação com uma baixa consciência nacional, e esta baixa consciência nacional condiciona o futuro de todo quanto projeto tenha como centro a própria Galiza, neste caso no que tem a ver com meios de comunicação próprios e nomeadamente Sermos Galiza. Na medida em que entre todas e todos sejamos capaces de favorecer que se acrescente o amor pela nossa terra o futuro de projetos como o de Sermos teram melhor acolhida entre a povoação galega. Eu já fui partícipe de outros projetos como no seu momento foi A Nosa Terra, e acho que o problema da supervivência de um meio de comunicação exclusivamente galego não está ligada à maior ou menor qualidade do produto, isso não quer dizer que não nos devemos preocupar pela sua qualidade e procurar em tudo momento melhora-la, mas o que quero dizer é que o futuro dos meios de comunicação de âmbito galego mais depende de contar com uma massa crítica disposta a mercar o produto, massa crítica que hoje ao meu parecer é escasa, e não é que deixe de comprar o produto porque este seja de baixa qualidade, senão que não o compra porque não considera que Galiza mereza contar com meios de comunicação próprios.

Pelo tanto, espero que de aquí a cinco anos Sermos Galiza se consolide como um meio de comunicação galego imprescindível para entender o País ao tempo que serva para ir acrescentado o amor a Galiza nas galegas e galegos. Estes são momentos de apelar aos sentimentos para ir consolidando e acrescentando a consciência nacional, pelo que desde Sermos, sem deixar a parte analítica e de reflexão, se deveria procurar ressaltar nalguma secção aspeitos da nossa história e mesmo dos nossos mitos e lendas, presentes, passadas e futuras.