AUTOR DA PRIMEIRA PÁXINA WEB EN GALEGO

Xavier Canosa: "Na rede faz falta ainda maior confluência com o resto da lusofonia"

Xavier Canosa

O filólogo Xavier Canosa, profesor na Universidade en Mongolia, é pioneiro na creación da primeira páxina web en galego cando traballaba na universidade de Aberystwyth do País de Gales. Aquela primeira páxina fai agora vinte anos.

-Fanse vinte anos da creación da primeira páxina web galega. Iso é tarde ou cedo para unha lingua como a nosa?

Nem tarde nem cedo. No seu tempo. Pelas notícias que tenho, a USC fizera um web anteriormente, ainda que naquela altura não estava operativo, e havia mais algum web institucional quando apareceu o documento HTML, absolutamente mínimo e penso que pouco ou nada importante, elaborado em Aberystwyth.

 -Por que a primeira páxina web galega vai nacer en Gales?

Suponho que, pelas ligações históricas, tinha de ser Gales ou um lugar derredor. A pessoa é absolutamente casual. O lugar, neste caso, producto de algo mais que a casualidade.

-A globalización complica aínda máis a nosa presenza en internet?

A nossa língua foi a primeira língua global, no sentido literal e actual do termo. Falada em todos os continentes e língua franca dos povos e reinos mais diversos. A língua de personagens da maior altura intelectual do seu tempo, como Bento Espinosa, a língua da toponímia que descreve a chegada aos pontos mais afastados do globo, que mesmo lhe dá o seu nome a ilhas do Pacífico como Agalega, a língua que falam hoje em dia milhões de pessoas em todo o mundo, nunca mais deixou de ser global e o seu futuro é global.

-Os últimos datos falan de que o galego vive mellor nos ordenadores que nas rúas. A que se debe? Como se explica?

A verdade, não sigo a matéria e desconheço os dados que menciona. O que se entende por viver na rede? A actividade individual, que se reflecte hoje em dia sobretudo nas redes sociais e num uso da língua principalmente a nível escrito? Se é assim, amostra que o uso do galego tem ganhado um espaço que antes tinha mais limitado, a escrita da língua como práctica diária de uma percentagem cada vez mais relevante dos seus falantes.

-A cidadanía é a principal protagonista do noso dinamismo e internet?

Suponho que sim. O meu uso da rede em galego é principalmente pessoal, a nível das relações sociais, o contacto com as pessoas que me são mais próximas e com quem comparto afinidades. No meu caso desde logo, penso que sim, que é essa relação se se quer chamar assim, mais do comum, não institucional, a que me leva a usar a rede em galego.

-Que atrancos ten aínda a rede para que o galego flúa?

Faz falta ainda maior confluência com o resto da lusofonia. Avançar em matéria normativa. Ainda que sou crítico com Acordo Ortográfico em quanto, eu parece-mo, adopta um critério excesivamente fonético por riba da tradição escrita, justamente num momento em que, precisamente com a rede, o que aumenta é o uso escrito para ámbitos até há pouco limitados à oralidade, é preciso avançar no processo de uma norma comum para toda a lusofonia.

-Vostede foi pioneiro na Galiza en se decatar da relevancia da rede para un país como o noso. De cara a normalización da lingua. Cales teñen que ser as reivindicacións?

Penso que à reivindicação histórica de ensino universal em galego há que engadir a de inglês como segunda língua. Há que aplicar um pouco o sentido comum. Não faz sentido que ainda haja escolas ensinando espanhol quando o idioma do presente e do futuro, como língua franca no nosso ámbito geográfico, é o inglés. Na minha opinião, como pessoa que estuda as línguas e a gramática, o espanhol pode-se aprender perfeitamente com uns cursos na secundária, é um idioma próximo e bem estructurado, muito fácil de aprender para nós. O que está a acontecer na Galiza hoje em dia é um sem jeito, eu mesmo falo o galego muito pior que meus avôs! O nível de interferência míngua a nossa competência a todos os niveis da língua e quase que apenas fica a lusofonia e a aprendizagem das línguas do ámbito atlântico como fonte viva a onde acudirmos para encontrarmos o léxico, a sintaxe, a conversa, de Deus-lhe-perdoe-a nossos avós e Deus-as-tenha-no-céu a nossas avós. Temos a obriga não só de mantermos o nosso idioma, mas de o melhorarmos. Faz falta mais ensino em galego, e mais ensino em inglês que, para além de útil, nos devolve parte do léxico, sintaxe, a pragmática mesmo, que mais nos singularizam dentro da lusofonia. E faz falta escutar e ler mais os falantes do nosso idioma no resto do mundo. Sobretudo a beira de além Minho, onde se fala o galego mais puro hoje em dia. Ler a Torga é escutar a fala limpa, formosa, rija, de nossos bisavôs. Ler a Tolkien é achar os conceitos, e muitas vezes mesmo as formas, que expressam a nossa íntima relação com a paisagem, e volver, e manter, e continuar um universo mítico que também temos uma certa obriga de cultivar. Temos de avançar no idioma e com ele na sua cultura, uma forma de compreender e de fazer o mundo. Sentidinho!

-Agora está a impartir aulas nunha Universidade en Mongolia. Decisión persoal ou é que no país non tiña oportunidades?

Tive a sorte de ter várias “oportunidades” na Galiza que, por motivos pessoais umas vezes, outras pelas circunstâncias sociais em que vivemos, se foram sucedendo uma atrás da outra, umas vezes mais seguidas, outras não lhe dava chegado a hora . Na ultima década dediquei-me à construção e, no bastante tempo livre que tinha (mais que agora), à filologia. O trabalho veio a menos e achei a oportunidade de vir para a Ásia, algo que desejava fazer desde há tempo. Ainda que propiciada por um momento de menor actividade no sector em que vinha trabalhando, foi fundamentalmente uma decisão pessoal. Estou muito contente de ter vindo.

 

(Pola diferencia horaria, a entrevista foi feita por cuesitonario por medio de corre electrónico)