Aquecimento global e cidades, por uma auditoria ambiental urbana

Na Galiza não há cidades excessivamente grandes, embora em Lugo estiveram celebrando que chegáramos aos 100.000 habitantes. As cidades representam uma concentração de seres humanos junto com bens de serviço e de subministração que provocam uma pegada ecológica enorme. Requerem a produção biológica dos ecossistemas que as circundam e ainda a sua capacidade para absorver e transformar os resíduos que produzem. Ao aumentarem de tamanho e de habitantes concentrados irão requerer subministro de lugares cada vez mais longínquos, o que incrementa sua pegada ecológica. É dizer o dano global que provocam nos ecossistemas. Por isso em Adega Lugo pensamos tratar de avaliar o impacto ambiental da nossa cidade quer no contorno mais próximo quer no ambiente em geral. Queremos fazer uma auditoria ambiental para sabermos a saúde ecológica e a capacidade de sustentabilidade que a nossa cidade tem. São diversos fatores os que afetam a este problema. Mas, por em quanto, vamos tomar apenas três elementos, ainda sabendo que existem outros igualmente transcendentes no seu impacto ambiental: superfície arborizada, superfície permeável e evolução da temperatura global, inverno e verão. As árvores são necessárias para a vida e as águas têm que correr maininhas para o interior da terra e para os rios Isto, porque a progressiva peãonalização está a alterar as superfícies dificultando a sua permeabilidade e também a eliminação de árvores. Grandes esplanadas de cor branco vão conformando esse coração pretensamente verde, e transformando a cidade numa arca impermeável que impede que as águas sejam filtradas através da terra para alimentarem os aquíferos e poder chegarem em melhor estado até os rios. As chuvas provocam enxurradas impensáveis em Lugo, com um causante: um urbanismo feito de costas ao ambiente. Por toda parte vem-se obras que cobre de betão ou lousas de granito as nossas praças e as nossas ruas. O que se deu em chamar coração verde fica transformado numa grande burla que vai incrementar o chamado efeito de ilha de calor da cidade. Segundo declarações da anterior alcaldesa Lara Mendez, "as denominacións 'cero emisións ', 'Centro Corazón Verde' e 'Arteria Verde', suporán un investimento superior aos 10 millóns de euros". Solo permeável Este projeto implicava destruir toda a estrutura da praça de São Domingos que é uma das mais bonitas da cidade derrubando as árvores que ali há. A mobilização vizinhal conseguiu paralisar este atentado. Conservam-se as árvores mas as obras continuam seu processo imparável de alousado branco de granito sem ter em conta a necessidade imperiosa de repor superfícies permeáveis. O centro está a ser transformado numa grande esplanada refulgente fria de inverno e quente de verão. As obras em si mesmas significam uma grande pegada ecológica polo granito utilizado, cimento, tubagens de plástico e gasto em geral. (Este dinheiro poderia ser empregado em restaurar as casas do centro para as oferecer como vivendas sociais, dado a pretensa crise da habitação que sofremos). Muitas das nossas cidades estão a ser transformadas neste mesmo senso. Vejamos Corunha com a esplanada que substitui hoje os jardins da Porta do Sol e cimentada toda a beira da sua darsena até tragar a praia do Parrote; ou Vigo, onde se repete o processo de cobrir os solos de granito impermeabilizado-os; ou Ourense, também atrapada num processo semelhante de desarborizar como uma corrida louca cara o incremento do aquecimento global que parece imparável. Outras cidades começam a corrigir sua pegada ecológica com atuações que procuram reduzir o efeito ilha de calor como em Vitoria onde se está a implementar um processo de cooperação vizinhal para voltar mais verde a sua cidade, aproveitando solares e pátios para jardins comunitários, com concurso de balcões e ruas arborizados, instalando plantas trepadoras nas fachadas ou plantação de árvores em pátios privados e públicos; ou em Pontevedra (Verde Pontevedra) ou Allariz onde se está a promover a agricultura auto suficiente compatível com o processo urbano (Nós Plantamos). As árvores são necessárias para a vida e as águas têm que correr maininhas para o interior da terra e para os rios. Isto iria aforrar muito dinheiro no funcionamento das depuradoras e água e favorecer a saúde integral dos rios. As hortas peri-urbanas deveriam ser objeto de proteção e os regatos nunca deveriam ser encanados nem ocultados. Porque as águas acabam sempre por reclamarem seu lugar. Queremos uma cidade mais amável. Uma Terra mais saudável e uma sociedade mais igualitária.