Advocacia

[Nemésio Barxa]

No início da minha vida profissional, ano 59, os Colégios de Advogados eram um exponente da resistência à ditadura franquista e por alcançar a democracia, ainda que individualmente coexistissem, os ideologicamente afetos ao regime, os que dependiam economicamente do regime (designadamente os advogados do Sindicato vertical) e os que militávamos na oposição democrática, a maioria profissionais independentes, nos que o sentimento comum era lutar por um Estado de Direito, à margem das ideologias políticas. O poder tratava de conformar as Juntas de Governo apresentando candidatos dependentes do sindicato. Com esse clima corporativo celebrou-se o IV Congresso Nacional da Advocacia em Leon (07/1970), em cuxo ato de apertura 250 advogados opositores saímos do salão ao iniciar o discurso o Ministro de Justiça (enquanto os que quedavam no interior berravam "Franco, Franco") , inicialmente aprovadas a maioria das propostas dos democratas (pese a chamada do governo aos advogados sindicalistas a inscrever-se já fora de prazo) e abortado o ato de clausura com a entrada e desalojo dos assistentes por parte da Polícia. Os tempos mudam e aqueles Colégios baluartes da democracia degradam-se ao ponto de hoje o Colégio de Madrid tomar partido e apresentar-se como acusação em causa seguida contra a Fiscalia por haver-se defendido de falsidades que lhe imputava a presidenta da Comunidade de Madrid.