Opinión

Quem será o vencedor com a Amnistia e as eleições catalãs? Talvez o Feijóo?

Apolítica catalã atual tem relativamente pouco efeito sobre a política galega, não em vão somos nações diferentes com dinâmicas diferentes, pois aquela responde a lógicas e interesses que pouco têm a ver com a nossa realidade, mas que, no entanto, podem afetar indiretamente, através da mediação da política estatal, a nossa realidade social. Mas a situação atual é fascinante para os estudiosos da política, pois apresenta um cenário de possibilidades extremamente complexo. Mesmo os velhos tratados políticos da China clássica, habituados a pensar com dous ou três passos à frente, com muitos atores em conflito, sem coerência temporal nas suas decisões e com múltiplos e variados vetos entre si, teriam sérias dificuldades em interpretar a realidade política catalã e, sobretudo, quem pode ou não beneficiar dela.

Habituados como estavam a paradoxos, não tenho dúvidas de que detectariam que Feijóo poderia ser o grande beneficiário desta situação se jogasse bem as suas cartas e agisse com algum grau de maquiavelismo e, sobretudo, se pensasse um pouco para além do curto prazo, para o qual a atual dinâmica política infelizmente conduz. De não esgotar os prazos no Senado para a tramitação da lei de amnistia e, assim, permitir que Puigdemont se apresente sem restrições às eleições, já colocaria Sánchez numa situação difícil, ao mesmo tempo que enviaria uma mensagem de boa vontade ao antigo presidente catalão. Além disso, quando voltarem a tentar chegar a um pacto, Puigdemont já não será um fugitivo da justiça, mas um cidadão respeitável e isento de qualquer culpa. O presidente do PP não tem nada a perder nestas eleições, mas pode tentar torná-las o mais concorridas possível, criando uma situação que poderia colocar o Presidente espanhol em apuros, pois Sánchez, sem querer, retirou o problema ao seu rival de direita, deixando as suas mãos livres para futuros pactos.

Porque o pior cenário possível nestas eleições é o que tem o PSOE. Paradoxalmente, o único cenário em que poderia sobreviver seria aquele em que os socialistas tivessem um mau resultado que permitisse a Junts e Esquerra somar uma maioria absoluta e estes decidissem fazer um pacto, o que está ainda por ver, como também está por ver se estariam dispostos a repetir o procés. Caso contrário, os socialistas catalães teriam de escolher um parceiro de governo, quer com os seus atuais parceiros do bloco progressista, Comuns e Esquerra, quer com Junts. A escolha de qualquer uma destas opções, embora desactivasse completamente o independentismo, pelo menos a curto prazo, deixaria alguns dos seus parceiros prejudicados, com as consequências óbvias que isso teria para a governabilidade espanhola. Sobretudo os Comuns, que já não parecem ter grande estima pelos seus parceiros de Sumar. Se, mesmo antes das eleições, não conseguem aprovar orçamentos, é fácil prever o que poderá acontecer depois.

Em todo o caso, tudo aponta para uma situação política potencialmente benéfica para Feijóo, e também para o BNG que, se mantiver a sua dinâmica atual, será sem dúvida um dos grandes beneficiários de qualquer avanço eleitoral, podendo assim consolidar, neste caso no parlamento espanhol, o seu êxito recente, desde que continue a fazer bem e não cometa erros. Como podemos ver, estas eleições não afetam a nossa nação de forma substancial, mas podem vir a afetá-la.

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