Investimento estrangeiro: di-me do que presumes e direi-che de que careces

Presume o Partido Popular, Feijóo no seu momento e Rueda agora, da estabilidade que a sua gestom lhe dá à economia galega. Umha estabilidade necessária, segundo eles, para oferecer-lhe confiança à classe empresarial e atrair o investimento, particularmente o investimento exterior. O seu discurso, sem embargo, tem pouco a ver com a realidade que mostram os dados, teimudos eles, mais umha vez contrariando a publicidade do Partido Popular. Segundo os últimos dados publicados polo Ministério de Indústria, Comercio e Turismo, Galiza recebeu nos nove primeiros meses de 2023 menos de 1% do investimento estrangeiro bruto no Estado espanhol. Nom foi a de este ano umha situaçom anómala, todo o contrário, o escasso atrativo da Galiza para os investidores estrangeiros vem sendo a norma. Nos últimos oitos anos, desde 2015, Galiza foi o destino de apenas 75 cêntimos de cada 100 euros de investimento estrangeiro bruto que chegárom ao Estado. Lembremos que Galiza aportou 5,2% do PIB do Estado em 2022 e 5,6% da populaçom residente em 2023, o que nos mostra sem lugar para a dúvida que essa percentagem de 0,75% é muito exígua. Catalunha e País Basco Apesar de que segundo o PP o procés, e mais em geral o independentismo catalám, é causa da ruína desse território, ao gerar instabilidade e assustar os investidores estrangeiros, a realidade é que o volume de investimento estrangeiro recebido por Catalunha supera em muito ao que chega a Galiza. Em 2017 produziu-se o referendo de independência e a posterior declaraçom de independência aprovada polo Parlamento de Catalunha. Desde 2017 até o terceiro trimestre de 2023, o volume do investimento estrangeiro que chegou a Catalunha multiplicou por 12,8 o destinado a Galiza; enquanto o PIB catalám apenas multiplica por 3,7 o galego. Noutras palavras, se a taxa de investimento estrangeiro ao respeito do PIB fosse na Galiza similar à que houvo em Catalunha nesse período, o investimento forâneo seria mais do triplo do que houvo, quase 6.500 milhons na vez dos 1,85 mil que houvo realmente. Desde 2015 Galiza foi o destino de 75 cêntimos de cada 100 euros de investimento estrangeiro bruto que chegárom ao Estado Se comparamos a investimento estrangeiro na Galiza com o que tem como destino o País Basco (outra comunidade governada polo nacionalismo) a situaçom relativa da Galiza ainda é pior. O PIB desse território em 2022 foi 13,6% superior ao galego. Sem embargo, o investimento forâneo que chegou no período 2015-3º trimestre de 2023 à comunidade autónoma basca multiplica por oito o recebido por Galiza (desde 2017 a relaçom foi de 7,5 a 1). Se a proporçom entre o investimento estrangeiro e o PIB desde 2017 fosse similar na Galiza à basca, o investimento forâneo seria 6,6 vezes o que houvo. Na vez de 1,85 mil milhons de euros superaria os 12 mil milhons. Madrid Porém, a grande beneficiada pola estrutura político-administrativa e económica do Estado espanhol é Madrid. Madrid concentra o investimento estrangeiro que chega ao Estado. Mais da metade do fluxo de investimento estrangeiro tem como destino a capital do Estado. Apesar das campanhas publicitárias dos dirigentes do PP galego, o nosso país nom atrai o investimento estrangeiro. E falamos unicamente de volume de investimentos, nom entramos na qualidade do mesmo, é dizer, nom entramos a debater em que se plasmam esses investimentos; se por exemplo som investimentos que procuram unicamente explorar recursos naturais ou vam dirigidos a sectores inovadores, com capacidade para criar emprego de qualidade e valor acrescentado. Neste sentido nom podemos deixar de sinalar que a taxa de investimento estrangeiro na Galiza entre 2015 e 2023 estivo muito condicionada à alta polo comportamento num ano, 2019. A terceira parte do investimento forâneo produziu-se nesse ano. Ademais a imensa maioria do recebido nesse ano, e quase umha quarta parte do total do período 2015-3º trimestre 2023 deve-se a um único investimento, o realizado no sector da fabricaçom de cimento por parte dumha transnacional brasileira. De querermos analisar a contribuiçom do capital estrangeiro ao desenvolvimento do nosso país, nom só teríamos que analisar a magnitudes dos fluxos de capital, mas também seria imprescindível termos em conta em que se plasmárom esses investimentos. Se introduzíssemos os aspectos qualitativos no debate, seguramente as conclusons seriam ainda mais demolidoras.