"A cultura galega está num momento de difícil interacção com o conjunto da sociedade"

Dentro da serie de entrevistas Veñan máis cinco falamos co poeta Ramiro Torres (A Coruña, 1973).  

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photo_camera Imaxe de Xacobe Meléndrez Fassbender

-Como avalías o estado actual da cultura galega?

-Está num momento de forte criatividade individual e grupal, e, ao tempo, de difícil interacção com o conjunto da sociedade galega.

Dentro da criatividade, existem numerosas perspectivas e projectos diversos, desde muitos pontos de vista. Contudo, falha em grande maneira a conexão fora dos circuítos habituais de gente interessada, o que dificulta enormemente a sua visibilização e valorização social, pois parte do menosprezo mais ou menos dissimulado da maior parte das elites socio-económicas e mediáticas.

E aí é onde há que actuar: manter a qualidade criativa e saber, ao tempo, rachar os muros invisíveis com a maior inteligência possível.


-Que evolución agardas da cultura galega a cinco anos vista?

-Vai depender da capacidade de gerar propostas interiores ao conjunto da sociedade civil cultural, ajudadas também por administrações, evidentemente, mas lançadas desde a liberdade criativa mais absoluta, tecendo e retecendo, renunciando às periferias mentais e convertendo o próprio percorrido em centro de uma universalidade enraizada. Há que reinventar grande parte dos espaços culturais existentes para que sejam emissores de potência criativa, e superar os conflitos personalistas e cansinos que estão a queimar o bosque da cultura.

Dependendo disto, teremos a confirmação da situação actual, com uma minoria social fortemente crítica e umas maiorias indiferentes ao que não seja reproduzir os discursos da dependência, ou bem a consolidação de um arquipélago de projectos (individuais e colectivos) com a perspectiva comum de (re)inventar o legado cultural e seduzir com um modelo diverso, inclusivo e permanentemente fertilizador de criatividades e vidas para a maior parte possível da sociedade galega.


-Que esperas de Sermos nos próximos cinco anos e en que cres que debemos e/ou podemos mellorar?

-Aguardo que Sermos seja capaz de se tornar parte fundante desse modelo, acolhendo todos os movimentos, subterrâneos ou visíveis, que operam desde essas novas perspectivas anteriormente comentadas. Trata-se de recolher o melhor do que se tem feito até agora e, ao tempo, propor, transitar, experimentar e desenvolver todas estas formas, para que seja um lugar de encontro e fecundação de mundos que estão a aguardar por nós.

Nota: Sermos respeita as distintas opcións ortográficas do galego á hora de transcreber as respostas.

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