Maioria das estudantes universitárias portuguesas foi vítima de violência no namoro

Mais de metade das pessoas inquiridas foi vítima de violência no namoro e 37% assume já a ter praticado. Apenas uma minoria reconhece a necessidade de apoio.

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Estudo sobre violência no namoro entre estudantes universitários de Portugal veio demonstrar que mais de metade das pessoas inquiridas foi vítima de violência no namoro e que 37% assume já a ter praticado. Foram apresentadas 128 denúncias em apenas dez meses. Mais de metade refere-se a casos de violência física e apenas uma minoria de mulheres reconhece a necessidade de apoio.

Dos mais de 1 800 estudantes universitários que participaram no estudo, um quinto das raparigas afirma ter sido controlada em termos de aspeto físico ou de locais que frequenta e 8% admite ter sido forçada a comportamentos sexuais não desejados. 

8% admite ter sido forçada a comportamentos sexuais não desejados

São parte das conclusões do Estudo Nacional sobre a Violência no Namoro, que vão ser apresentados esta quarta-feira, dia 14 de fevereiro, no seminário final da primeira edição do Programa UNi+ — Prevenção da Violência no Namoro em Contexto Universitário, promovido pela Associação Plano i e financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade.

O estudo conclui ainda que os jovens — a média de idades era de 23 anos — não compreendem a complexidade da violência nas relações de intimidade: 13,5% dos rapazes e 6,5% das raparigas entendem que “as mulheres que se mantêm nas relações violentas são masoquistas”, e um quarto dos rapazes acredita que algumas situações de violência doméstica são provocadas pelas mulheres — entre as raparigas, apenas 12,6% partilham da mesma opinião.

Mais de metade dos casos reportam violência física, um terço são de violência social, 27,3% de perseguição e 17,2% de violência sexual. Em 10,9% das situações, as vítimas foram ameaçadas de morte por namorados ou ex-namorados. “Ele agarrou num vidro, aproximou-o no meu pescoço e disse: só me apetece matar-te”, relatou uma das vítimas às técnicas do Uni+.

Mas é a violência psicológica a forma mais frequente de violência no namoro, encontrando-se presente em 90,6% dos casos reportados ao Observatório. De acordo com a investigadora, isto acontece porque quase todas as outras formas de violência costumam ser acompanhadas pela violência psicológica.

A maioria das denúncias (60,9%) falam de agressões que ocorreram mais do que uma vez, e em um terço dos casos a violência é frequente. Os ciúmes são o motivo mais citado, estando presentes em dois terços das situações, mas também problemas mentais (35,1%) e consumo de álcool (29,6%).

Destas 128 denúncias, apenas 7 foram feitas por vítimas atuais, ou seja, pessoas que ainda sofriam violência no namoro no momento do contacto. E nem todas estavam dispostas a ser acompanhadas ou a apresentar queixa.

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