O XX Congreso reelegerá Jerónimo de Sousa como secretário geral

O PCP não vê solução aos problemas de Portugal no seio do euro

Os problemas essenciais de Portugal não virão a ter solução com a atual União Europeia, esse foi a principal mensagem que lançou esta sexta feira no seu discurso de abertura do XX Congresso do PCP o seu secretário geral Jerónimo de Sousa

XX Congresso do PCP
photo_camera Um aspecto do pleno do Congresso

De Sousa -que vai continuar no cargo após este XX Congreso do PCP- vincou que “a experiência recente demonstra que a UE constitui uma matriz política e ideológica impossível de ser democratizada, humanizada ou reformada. É a sua natureza de classe -capitalista- que determina as suas políticas e opções”.

O PCP realiza esta fim de semana o seu XX Congresso em Almada, cidade do distrito de Setúbal que pertence à região de Lisboa. Nele há presença galega, a da delegação do Bloque Nacionalista Galego, na pessoa de Montse Prado, membro da Executiva Nacional e parlamentar no Hórreo. A UPG enviou também uma saúda ao Congresso.

“Como a situação na Grécia demonstra, é uma perigosa ilusão pensar-se, ou proclamar-se, que se podem encontrar reais soluções para as questões do desenvolvimento económico e do progresso social” no seio do euro, realçou o secretário geral.

Face uma União Europeia “neoliberal, federalista e militarista” o PCP opõe o projeto duma “outra Europa dos trabalhadores e dos povos”.

Jerónimo de Sousa faz um balanço positivo do acordo com o PS, embora não tem reparos em admitir as suas "insuficiências"

O internacionalismo do PCP -um dos seus principais princípios ideológicos, vincou Jerónimo de Sousa- expressou-se esta sexta feira com toda intensidade ao se apresentarem as delegações internacionais presentes no Congresso. Foi o momento em que as delegadas e delegados tributaram uma emocionada homenagem a Cuba, após o falecimento do seu líder, Fidel Castro. Uma multidão de partidos comunistas -entre eles o chinês, o vietnamita e o norte-coreano- enviaram representantes à cimeira do PCP.

Este é o primeiro congresso que realiza o partido após o seu acordo parlamentar com o PS, a entente que viabilizou a nomeação de António Costa como primeiro ministro. O secretário geral esclareceu que o PCP está por chegar a compromissos, sim, “mas para traficar com princípios não fazemos”.

O balanço deste acordo é positivo, embora De Sousa não tem reparos em admitir as suas “insuficiências”. Entre as luzes assinalou o compromisso para reverter os cortes nos direitos e rendimentos feitos pelos sucessivos governos da direita em matérias como os salários, os feriados, os horários comerciais de trabalho, a privatização e concessão de empresas públicas…

 “Sim, somos o partido que tem por objetivos supremos a construção do socialismo e do comunismo, de uma sociedade liberta da exploração e da opressão capitalistas”

Aliás, De Sousa pôs em destaque que Portugal não tem neste momento um “governo de esquerda” e que o único que houve foi “uma solução que permitiu a formação e entrada em funções de um governo minoritário do PS com o seu próprio programa”. Ou seja, o PCP deu os seus votos não tanto para um governo de esquerda como para afastar a direita do poder executivo.

O PCP tem neste momento 54.280 membros, segundo informou a própria organização aos meios presentes no Congresso. A todas elas e a todos eles dirigiu-se De Sousa para reafirmar o projeto estratégico do PCP: “Sim, somos o partido que tem por objetivos supremos a construção do socialismo e do comunismo, de uma sociedade liberta da exploração e da opressão capitalistas”. E nesse mesmo sentido ainda acrescentou que “sim, somos o partido que tem como base teórica o marxismo-leninismo, concepção materialista e dialéctica do mundo, instrumento de análise, guia para a ação, ideologia crítica e transformadora”, afirmou o secretário geral, cujo discurso de uma hora e vinte minutos de duração foi o pórtico deste 20 congresso do PCP.

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